SURGE MARINA PORTÉCLIS PARA DAR NOVO ALENTO AO ESTILO LITERÁRIO BRASILEIRO DE ESCREVER
Com olhar penetrante, místico e convidativo, e rosto triunfal, exuberante,
meio angelical. Assim é Marina Porteclis da nova safra de escritores
brasileiros. Confesso que o que mais me chamou a atenção dela foi sua nuance
estonteante, a primeira vista, numa foto de busca de sites do Google.
Pesquisava sobre Marina Silva, quando surgiu aquela beldade. Achei que fosse uma
modelo ou uma daquelas ninfas gregas. Menos uma escritora.
Com o devido cuidado para não me adulterar por pensamento, já que
isso pode me levar ao pecado pela fé que nutro, investi em pesquisar mais
acuradamente sobre a escritora, mesmo por que me encontrava desatualizado
quanto à Literatura Nacional. Não sei quem sei que produz livros na atualidade
brasileira. Antes sabia de tudo, estava afinadíssimo. Me desinteressei pela
arte, pois, como em todas as demais áreas, há muito protecionismo onde o
talento não basta, vale o que se escreve de besteirol para vender e lucrar as
editoras.
Após saturação no jornalismo, enverendrei na carreira de escritor e até tive
projeto selecionado pelo Ministério da Cultura para escrever meu primeiro livro
sobre os sessentas anos da visita de Albert Camus ao Brasil. Não consegui
coletar um único centavo sequer. Nem mesmo do Consulado Francês que me prometeu
apoio. Tenho mais dois projetos inscritos, mas desisti. Fiquei entendiado com o
processo para se tentar ser escritor no Brasil.
Isso não importa agora. O que importa é a Marina, que parece ser mesmo
escritora e com talento. Li que é autora de Shangrilá. Num artigo, ela comenta
que seu processo literário se divide em duas fases separadas uma da outra:
sendo uma interna e outra externa.
Na primeira,
ela vive uma condução imaginária, criando ambientes e personagens, conforme
seus critérios de criatividade e importância, para, então, dar vida a seus
escritos numa relação de convivência plena. “Uma vez esculpidos os corpos e
personalidades, passo alguns dias pensando, vendo, ouvindo música por elas,
olhando paisagens, tentando sentir o que sentiriam diante do mundo, da vida, de
sua época, de determinadas circunstâncias e, sobretudo, em presença umas das
outras. E é justamente quando consigo estabelecer estas relações, que crio o
enredo principal”.
Interessante, mesmo. Bem relacionada com a primeira fase, Marina parte para a próxima
etapa que é escrever, de fato. Como ela mesma frisa: utiliza-se de seus
pincéis, a escrita, para montar a trama. “Geralmente, com as tintas primárias,
traço, num primeiro parágrafo, uma cena forte e que tenha me marcado
emocionalmente enquanto eu ainda estava na primeira fase. E é partindo desta
cena que deixo vir à tona o restante da história. Ela nasce como se já
estivesse pronta e parece ter vida própria”.
A moça me
parece ter talento para a poesia, também. Quem quiser dar uma botucada, fique a
vontade: http://marinaporteclis.blogspot.com.br/.
Ainda
não deu para explorar tudo sobre a Marina. Mas me
esforçarei, com prazer, para ir mais adiante sobre seus escritos. Num outro
blog darei uma opinião mais formalizada sobre o que comprovei. Como
avant-première, segue uma poesia da moça, que promete dar vida nova à Literatura Brasileira. Estou torcendo.
Onde decantam os sonhos?
No ventre da mulher grávida?
No banco de sêmen à espera de inseminação?
Na córnea daquele que nasceu cego?
Na clareira da escuridão?
Na parede que, estática, deseja ser pássaro?
No guindaste que, suspenso, deseja ser chão?
Onde decantam os sonhos?
No quesito que foi anulado?
No coração a ser transplantado?
Na ambulância que corre rumo ao atropelado?
No gabarito que aguarda divulgação?
Onde decantam os sonhos?
Na janela que aguarda ser fechada?
Na moça que, da janela, aguada a carta?
No embrião que teme ser abortado?
Nas cápsulas que aguardam pelo tráfico?
No futuro, no presente ou no passado?
Onde decantam os sonhos?
No Vaticano ou na Nigéria?
Nas cores que querem ser quadro?
Na moldura que quer ganhar tela?
No prato que esfria à mesa?
Na mesa que foge à miséria?
Onde decantam os sonhos?
No mapa, na bússola, na contramão?
Nos sapatos que aguardam passos?
Nos passos que aguardam rumos?
Nos rumos que aguardam pés?
Nos pés que aguardam sapatos?
Onde decantam os sonhos?
Além ou aquém de onde estamos?
Além ou aquém de onde estão?
Garimpando a realidade
Os sonhos decantam em si próprios
Separando o líquido do sólido
O possível do insólito
A espera de quem os sonhem
– não importa quando nem onde –
Com legítima sofreguidão.
No ventre da mulher grávida?
No banco de sêmen à espera de inseminação?
Na córnea daquele que nasceu cego?
Na clareira da escuridão?
Na parede que, estática, deseja ser pássaro?
No guindaste que, suspenso, deseja ser chão?
Onde decantam os sonhos?
No quesito que foi anulado?
No coração a ser transplantado?
Na ambulância que corre rumo ao atropelado?
No gabarito que aguarda divulgação?
Onde decantam os sonhos?
Na janela que aguarda ser fechada?
Na moça que, da janela, aguada a carta?
No embrião que teme ser abortado?
Nas cápsulas que aguardam pelo tráfico?
No futuro, no presente ou no passado?
Onde decantam os sonhos?
No Vaticano ou na Nigéria?
Nas cores que querem ser quadro?
Na moldura que quer ganhar tela?
No prato que esfria à mesa?
Na mesa que foge à miséria?
Onde decantam os sonhos?
No mapa, na bússola, na contramão?
Nos sapatos que aguardam passos?
Nos passos que aguardam rumos?
Nos rumos que aguardam pés?
Nos pés que aguardam sapatos?
Onde decantam os sonhos?
Além ou aquém de onde estamos?
Além ou aquém de onde estão?
Garimpando a realidade
Os sonhos decantam em si próprios
Separando o líquido do sólido
O possível do insólito
A espera de quem os sonhem
– não importa quando nem onde –
Com legítima sofreguidão.
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