sexta-feira, outubro 08, 2010

Um Nobel mais do que justo

O anuncio do Prêmio Nobel de Literatura deste ano ao escritor peruano Mario Vargas Llosa é uma outorga mais do que justa e em tempo a um dos maiores talentos da literatura mundial. A Academia Sueca, que escolhe os laureados, cometeu muitos erros no passado, deixando de escolher um dos homens mais sábios da escrita do século passado, o argentino Jorge Luis Borges, agora fez justiça.

Vargas Llosa, pelo menos há vinte anos, vinha sendo apontado para receber o prêmio. Acreditava-se que ele morreria e ser alvo de mais uma injustiça. Infelizmente isso não ocorreu e Llosa leva, com muito mérito, a maior láurea que um escritor pode ter em vida. E entra para a história, definitivamente, da Literatura Mundial.

A Literatura faz parte da minha vida desde a infância, lendo os primeiros livros da biblioteca de meu avô, em Itanhaém. Llosa não foi o primeiro dos meus escritores favoritos, mas passou a fazer parte na minha adolescência quando comprei ‘A Guerra do Fim do Mundo’, em que ele retrata com muita maestria a história do conflito de Canudos em forma de romance. Fiquei comovido com a narrativa e me encasquetei querendo entender o por que dos escritores brasileiros não ter escrito algo semelhante, retratando as epopéias tupiniquins. Mais ainda, como um escritor vindo do Peru conseguiu se familiarizar tão intimamente com um personagem tão incrível da história brasileira, como Antonio Brasileiro?

Passei a me envolver sobre a vida e formato de escrita de Llosa. Não parei mais. Li outra obra de sua consagrada e vasta obra literária: ‘Conversa na Catedral’. Depois vieram outros: ‘Historia de Mayta’, ‘Quem Matou Palomino Molero?’ e ‘A Casa Verde’. Há muito mais ser lido.

Mas, Llosa não é só romance, ficção. Ele também é cronista, ensaísta, dramaturgo. Foi lendo os ensaios ‘Contra Viento y Marea’, que descobri o talento dele para as críticas filosóficas e políticas. Aprendi sobre Literatura observando seus textos.

Torci para ele não ganhar as eleições a presidente do Peru, quando perdeu para Fujimori, porque temia perder o escritor, o grande contador de histórias. Quem ganhou com isso foi a Literatura. O Nobel 2010 está em boas mãos, acertadamente.


segunda-feira, outubro 04, 2010

Marina é quem decide

Para um bom entendedor de política brasileira, meia palavra basta. Estava na cara, desde quando se iniciou a pré-campanha eleitoral, principalmente depois do anuncio, ou melhor, da imposição de Lula ao indicar sua chefe de gabinete, Dilma, à sucessão. Ao mesmo tempo, ele sabia que, apesar da popularidade, teria tarefa redobrada para convencer, primeiramente a cúpula do PT, depois os aliados e, finalmente, o eleitorado, como sempre.

Dilma, uma antipática por natureza, filhinha de classe média, metade brasileira, metade búlgara e metida nos cafundós das guerrilhas, onde foi estrategista de assaltos a bancos, seqüestros e assassinados, até de jornalista. Como iludir, primeiramente aos próximos, depois a mídia e na seqüência o povo brasileiro de que esta mulher, intragável e geniosa, seria candidata à presidente da República?

Coloquemos a cabeça para funcionar, pois não é possível que um torneiro mecânico seja mais inteligente que toda a intelectualidade brasileira? Simples, Lula agiu com a astúcia, ao estilo Getúlio, Jânio Quadros ou Adhemar de Barros, para citar alguns. Ou seja, ele, influenciado pela matemática de Marco Aurélio, seu guru, pensou: Tenho mais de 70% de aprovação popular. Certamente conseguirei transferir para Dilma pelo menos uns 40%. E os outros 30%? Foi daí que surgiu Marina e o PV, já que no PC do B, não havia ninguém competente para tal jogada maquiavélica. Muito menos no bagunçado PMDB

Marina, que em seis anos foi fiel escudeira de Lula, deixaria o Ministério do Meio Ambiente, assim como Gilberto Gil também deixou a Cultura, se dizendo chateada com o PT e o próprio governo. Tudo fachada, golpe mesmo. Neste ínterim, o nome de Dilma foi lançado. O governo usou toda a sua estrutura para fortalecer o nome da antiga guerrilheira por meio de marketing na mídia, inclusive tentando apagar o passado dela.

Nas primeiras pesquisas, Dilma não incomodava ninguém e os protestos dentro do PT e até dos aliados começaram. Lula mandou injetar mais dinheiro na mídia e na promoção de Dilma como ministra. O esforço valeu. Enquanto isso, Marina lançava sua candidatura e Serra estava na liderança das pesquisas.

Ciro Gomes ameaçava se candidatar também. Isso para Lula não era bom, pois Ciro poderia levar com ele parte dos aliados, os da esquerda, o que viria enfraquecer o nome de Dilma. Lula propôs, então, que Ciro saísse candidato ao governo paulista. Ciro rejeitou. Lula se irritou. Chamou Ciro para uma conversa, muito particular, e o resultado foi a desistência de Ciro de tudo. Lá se sabe o que ambos acertaram? Notadamente foi algo lucrativo para as ambições de Ciro, que gosta de levar vantagem em tudo, pois assim é talhado ele e sua família, no Ceará.

Com Ciro fora, Lula intensificou a campanha em torno de Dilma e só se deu por satisfeito quando ele, a tiracolo, passou a levar Dilma em todos os atos públicos. Choveram processos de que ele estaria utilizando a máquina pessoalmente em favor de Dilma, que nas pesquisas já encostava e mais para frente ultrapassaria Serra.

Percebendo que sua estratégia deu certo, Lula passou a descartar, sensivelmente, Marina e o PV. A coisa foi piorando. Até que nas vésperas das eleições, pesquisas apontavam que Dilma ganharia folgadamente as eleições já no primeiro turno.

Aparentemente traída, Marina foi para o revide, se saindo muito bem nos debates, superando a própria Dilma. Com isso, ela foi ganhando pontos nas pesquisas, chegando a preocupar Serra. Menos Lula, que já contava com o já ganhou.

Resultado final, os votos que Lula almejava foram descarregados em Marina, com 19.636.059. Agora que Dilma e Serra disputam o segundo turno terão que se engalfinhar para ter os votos de Marina. Está nas mãos dela, em tese, o futuro do próximo presidente do Brasil. Com isso, o feitiço virou contra o feiticeiro. Lula, que ajeitou a candidatura das duas mulheres, terá agora que depender justamente daquela que ele plantou e descartou no meio do caminho.

Com a palavra, Marina Silva e dos 43.243.278, sendo 19.636.059 dos votos dela, mais 24.607.219 das abstenções, assim como os 3.479.260 de brancos e os 6.123.862 de nulos. Serão 135.804.433 de brasileiros que escolherão entre Dilma e Serra para governante. Começa mais uma nova fase da política eleitoral brasileira.

domingo, outubro 03, 2010

Agora é o povo quem decide nas urnas o futuro do Vale do Ribeira

Após quase sessenta dias de campanha eleitoral, quando os candidatos de uma forma ou outra procuraram passar suas propostas, cabe ao eleitorado brasileiro, com ênfase ao Vale do Ribeira, escolher os nomes para presidente da República, ao Senado, à Câmara dos Deputados e às assembléias legislativas estaduais.

Torcemos para que o eleitor tenha tido todas as oportunidades necessárias para votar em nomes que realmente estejam comprometidos com programas sérios e arrojados para o desenvolvimento do país, principalmente em regiões de bolsão de pobreza como é vista a nossa região. Não se iludam os eleitores que os candidatos possam fazer milagres. Não há milagres na política, na economia, enfim nas coisas públicas. Riqueza só é gerada com algo realmente sustentável. Pensando assim, o Vale do Ribeira tem muita riqueza. O que precisamos é de atitudes, de candidatos voltados aos compromissos que anseiam toda a população.

Não basta que deputados anunciem o envio de recursos, via emendas, sem antes saber se as administrações estão aptas a receberem tais recursos. É importante criar uma mecânica em que os municípios possam receber recursos mesmo estando negativados. Uma sugestão para isso, seria a criação de um conselho municipal de desenvolvimento para gerir os recursos que as prefeituras negativas não podem tocar.

Certamente que este conselho deveria ser formado por representantes de diversos segmentos da sociedade local sem a interferência direta do Executivo e sob a fiscalização intensa do Legislativo. Municípios, como Pariquera-Açu ou mesmo Iguape, não podem ficar fora da trilha do desenvolvimento de recursos federais e estaduais em detrimento da incompetência e corrupção de seus agentes administradores.

O eleitor não deve apenas ter a obrigação de votar, mesmo porque numa democracia o ato de votar é um ato de consciência e despertar social e não de obrigação. É uma ação livre. Também não deve votar influenciado, pressionado ou por dever e simpatia. Deve votar de forma livre, sabendo que seu voto terá significado importante na transformação do país, do estado e do município.

O eleitor não deve se deixar levar pelas promessas mirabolantes dos candidatos. Deve votar em pessoas afinadas unicamente no propósito de transformar e potencializar os anseios sociais não só para alguns, mas para todos, indistintamente.Também não se esqueçam que votar bem agora refletirá em saldo positivo às eleições de 2012, quando elegeremos prefeitos e vereadores. São duas eleições em que os anseios devem se coincidir para o bom de todos. Vote com consciência eleitor para depois não se arrepender, amargamente.

A retomada do blog

Hoje, 3 de outubro, é dia de eleições no Brasil. Ao som de muito reggae, retomo as atividades deste blog. Neste tempo estive envolvido em meus projetos e problemas pessoais. Ao mesmo tempo, repensando este país de meu deus. Tristes devaneios meus.

Não estou com a boa vontade de sair de casa e votar nos candidatos que aí estão, mesmo porque estou fora do meu domicílio eleitoral. Além do mais está um dia Chuvoso. Acho que vou me abster, me tornar um antibrasileiro, como o sistema nomeia quem não participa dos pleitos, como obrigação, dever cívivo. Prefiro pagar a multa, creio que seja menos de R$ 10. Na eleição passada paguei menos de R$ 5.

Na verdade, não encontro um nome decente para governar este país, assim como o estado em que vivo, onde nasci. Para governar São Paulo, não encontro uma opção. Apesar de acreditar, e muito, no socialismo como a única sistematização para dar justiça ao mundo em que vivemos, poderia votar, pasmen!, em Paulo Skaf, presidente da Fiesp, maior grupo do sistema capitalista do Brasil. Mas, equivocadamente, ele é candidato de um partido que se diz socialista, o PSB. Que contradição! Na verdade, o PSB, pós-Miguel Arraes, há muito deixou de ser um partido, realmente, socialista. Por isso, apóia um mega empresário. Trata-se de uma questão de semântica, pra não dizer quântica ou aritmética, e muito menos de socialismo.

No entanto, apesar das minhas convicções socialistas, apoiaria Paulo Skaf porque ele ainda não tem, aparentemente, os mesmos vícios dos politiqueiros que aí estão. Além do mais, São Paulo, o estado mais rico do país, necessita de um governante realmente com dotes de empresário. Há muito São Paulo deixou de ser carro-chefe da economia brasileira com profissionalismo. Saudades dos bons tempos em que tínhamos governantes com visão empresarial.

Roubos? Corrupção? Sim houve casos aqui e ali. Mas, o PSDB e o PT também não aprenderam a roubar? Aliás, em relação aos governantes do passado, eles, tucanistas e petistas, se tornaram mestres na roubalheira dos cofres públicos. A diferença é que antes se roubavam silenciosamente e os governantes eram impostos. Hoje, são eleitos e roubam na cara dura. Roubar é uma palavra ínfima para o que eles praticam. Eles saqueiam em nome da democracia.

O povo? A mídia? Estes adoram esta situação de dependência e de serem enganados para tirarem proveitos adiantes. Xingam, reclamam, protestam. Mas, no fim tudo se ajeita. O povo protesta para ter a miserável Bolsa Família. A imprensa, para conseguir vultuosos financiamentos a perder de vista e, se possível, abiscoitar um pedaço da fatia. Ao estilo judaico. Não é a toa que os maiores meios de comunicação do Brasil estão nas mãos de família judias.

Antes que protestem, adianto, que não faço apologia ao racismo, mesmo porque já sou vítima dele, por ter nascido de sangue negro e indígena, mesmo também tendo também sangue, judeu, árabe, francês e italiano, dos meus antepassado.

Para o Senado não há um nome que seja digno de ostentar tal importância. Para a Câmara dos Deputado, a maior ratoeira deste país, também idem. Assim, como à Assembléia paulista.

Já para presidente da República, apenas Plínio de Arruda Sampaio é digno de assumir o maior cargo público deste país. Mas, não deve ganhar, pois não aparece entre os três primeiros das malditas pesquisas, além do mais é honesto, íntegro, ético, culto e tem muita visão. O povo brasileiro, como em toda sua história, detesta gente honesta nos cargos públicos, pois sabe muito bem que não terá chance de barganhar, esmolar, mendigar, etc.