sexta-feira, abril 05, 2013

CORRIDA AO PLANALTO JÁ COMEÇOU

Mário Covas sabia comandar o PSDB. Com sua morte, o partido tucano não sabe improvisar e perde todas para a política rasteira do PT
Estamos a dezoito meses das próximas eleições e a campanha à sucessão presidencial teve início pelo lugar inadequado: Palácio do Planalto, a residência oficial de quem ocupa a presidência da República Federativa do Brasil.

Na verdade, a campanha teve início pela vontade soberana de Lula, ou melhor, de seus asseclas, aqueles que o aconselham o que dizer e desdizer, além do que fazer, ao público. Lula é a mariontete e eles, os 'tais conseheiros', o conduzem no espetáculo teatral da vida política e econômica do país.

Quando Lula diz uma besteira, o que lhe é peculiar como homem comum, são os 'conselheiros' quem procuram consertar o equiprocó. Quem controla Lula é Roberto Teixeira, um rico empresário e advogado, que vislumbrou no ex-torneiro mecânico a possibilidade de chegar as altas esferas.

Ele apostou trinta anos em Lula e o resultado aí está. Não é Lula quem, comanda o país. Muito menos Dilma, PT. É Roberto Teixeira. Ele é o mentor de tudo. É ele quem controla tudo à distância, criando estratégias, bolando planos e confabulando conchavos e muito mais.

Lula não tem inteligência suficiente para arquitetar tudo que está a sua volta e jamais teria sido presidente do Brasil se não deixasse de lado as convicções socialistas que apregoava até perder a última eleição.

Lula consegue no mínimo ser um astuto nordestino, se não fosse por Roberto Teixeira não teria chegado onde chegou. Por esta razão, Lula deve muito a Teixeira que é o seu cumpadre, homem de confiança.

Mesmo o PT também não teria ido longe. Quem fez o PT, de verdade, foi a leva de antigos fundadores e ideólogos, os quais já deixaram o partido que hoje é ocupado por pessoas sem compromissos fidedignos e às propostas éticas que a silgla se dispôs seguir a três décadas.

A campanha eleitoral então começou pela vontade de Teixeira, e Lula apenas replica. Do ponto de vista de Teixeita, é necessário que isso ocorresse logo, pois a reeleição de Dilma estava patinando e as muitas acusações ao PT e ao próprio Lula estavam ocupando mais da metade dos espaços na mídia nacional.

Esta situação não era boa e se fazia necessário mudar o cenário para tapar os buracos dos escandalos. Com isso, a maior parte da mídia deixou a pauta dos escandalos e passou a se concentrar na onda das eleições, como sempre.

Esta mexida toda pegou desprevenido o PSDB, o principal partido opositor ao lulismo que, como sempre, não sabe improvisar. Não sabe mudar de articulação quando o foco muda repentinamente

Isto ocorre por que as lideranças do partido são burocráticass e cavalheirescas demais, até parecem damas das cortes européias. O PSDB se daria muito bem num país como a Suíça, onde a política é feita a base de cortesias e cavalherismos, mesmos entre os opositores.

No Brasil, o partido se perde diante da necessidade de ser mais hábil, mais astuto, mais enérgico, mas rápido, mais aguerrido.

O único que sabia fazer este papel está morto. Mário Covas sabia articular, polemizar e principalmente concentrar, sem perder a ternura. Ele era admirado até mesmo pelos inimigos, pois atacava e sabia muito bem alisar. Também sabia improvisar. Ele herdou um pouco de Franco Montoro, um dos responsáveis pelo surgimento do PSDB, após rachar com Orestes Quércia.

Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin não possuem as qualidades de Montoro. E muito menos de Covas.

Creio que o PSDB morreu junto com Covas, o último bastião que sabia dar vida e agilidade aos tucanos.

O povo brasileiro vê o PSDB como um partido de almofadinhas, de gente que representa a elite dos tempos do regime militar. Ou seja, um partido de intelectuais.

Antes de Lula se eleger, o PT também era visto da mesma forma. É que na verdade a classe intelectual, apesar da honestidade de pensadores brilhantes, é tida como colaboradora dos ricos.

O pobre brasileiro não gosta de rico, o que é natural.

O PSDB, quando foi governo, atuava de forma mais lenta com as questões sociais, mesmo sendo contundente nos planos e projetos para o setor, como a reforma agrária.

Na base da esperteza e solavancos, o PT, com Roberto Teixeira, procurou agradar a massa pobre prometendo de tudo. E Lula, como um pobre, representava e ainda representa, a possibilidade de um pobre se tornar classe média.

Enquanto o PSDB insiste em promover uma políticia social mais lenta, mas com resultados significativos no futuro, não tem respaldo popular.

O pobre de hoje não quer saber de futuro, quer saber do presente, do agora, do já. Não quer saber de promessas.

Se Covas tivesse vivo teria seguido a linha do 'resultado-já' e o lulismo não estaria onde está.

Se o PSDB não reagir perderá mais uma eleição, se já não a perdeu.

Moral da lição: o Brasil patina sem a possiblidade de ter uma política de projetos consistentes. Necessita sair de uma vez por todas da fase de transição que perdura desde Tancredo Neves. É necessário renovar o quadro.

E isso só depende do povo brasileiro.

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