quarta-feira, dezembro 10, 2008

Ronaldo Lopes, o pintor do mundo caiçara

UM DOS MAIS IMPORTANTES PINTORES DA BAIXADA SANTISTA, CHEGA AOS 28 ANOS DE CARREIRA SEM NEGAR O JEITO CAIÇARA DE SER
Para Ronaldo Lopes, em seu ateliê, ainda há muito a que fazer pelo mundo da pintura em termos de estética

JOSÉ VANIR DANIEL

A arte brasileira está tranqüila quanto a bons nomes de artistas revelados nos trinta últimos anos. Principalmente no tocante a pintura. Nesta prática artística, o nome do consagrado pintor Benedicto de Jesus Calixto, morto antes da década de 30 do século passado, está sendo mantido em evidência, principalmente porque faz escola, revelando ótimos talentos que tem seguido firme seus traçados paisagísticos e naturezas mortas. Entre os que têm se inspirado fielmente em Calixto está o artista plás­tico Ronaldo Lopes que, além da expressiva habilidade em manusear um pincel como o grande mestre tem algo em comum com este: vive na mesma cidade em que o mestre nasceu: Itanhaém. Aliás, Lopes, se não fosse pelo fato de ter sido registrado em Santos, é tão itanhaense quanto Calixto e faz questão de frisar isso em qualquer situação.

Ao contrário de Calixto, Lopes tem passado boa parte de sua vida inteiramente dedicada a Itanhaém, saindo cidade apenas para participar de exposições na Capital ou outras localidades do país.

Calixto, por sua vez, nasceu em Itanhaém, mas viveu boa parte entre São Paulo, Paris, Rio de Janeiro e, mais notadamente, em Santos. No entanto, os dois pintores possuem algo muito em comum: amam Ita­nhaém com muita devoção.

Lopes iniciou suas atividades nas artes como pintor de painéis e faixas publici­tárias, depois aprimorou suas qualidades com os consagrados mestres Bernar­dino de Souza Pereira e Aldo Cardarelli. Foi a partir das lições destes pintores que Lopes passou a pincelar com mais intensidade, revelando traços firmes e mo­dernos, segundo alguns críticos, em semelhança às obras de Calixto. No entanto, ele não gosta de ser comparado a Calixto, pois entende que ainda distancia das obras maravilhosas criadas por um dos maiores gênios da pintura brasileira. “Sou admirador incontestável de Calixto. Me esmerei muito nele, mas, sei muito bem que há uma distância entre nossos trabalhos, mesmo por que, em meus quadros, introduzo elementos diferentes das técnicas de Calixto. Creio que o que nos aproxima muito são alguns temas”, aponta Lopes.

De tanto pintar, sem comprometimento de mostrar seus trabalhos ao público, Lopes recebeu convite, em 1981, para realizar sua primeira exposição individual, na Câmara Vereadores de Itanhaém. De lá para cá não parou mais, são 27 anos de intensas atividades com premiações e exposições individuais e co­letivas em São Paulo, Santos, Campinas, Araras, Poços de Caldas, Piracicaba, Itatiba, Cubatão, Campos do Jordão, Paraty, Angra dos Reis, Olinda e por todos os lugares onde é requisitado para mostrar suas pinturas a óleo em paisagens praianas, e campes­tres, além de naturezas mortas. Mas o forte, no enquadramento de Lopes, é no tocante às paisagens marinhas. Daí ser fortemente comparado a Calixto.

Ele dedica boa parte do seu tempo, quando não está viajando em exposições, à pintura nas praias de Itanhaém, Peruíbe, Bertioga, Iguape e Cananéia. Lopes gosta muito de retratar o cotidiano da vida caiçara. “Sou um caiçara convicto e jamais negarei esta minha ligação. Como tal, sou defensor perpétuo da natureza. Aliás, ela faz parte da minha vida e não sei ficar longe dela”, evidencia.

RECONHECIMENTO

Além das inúmeras participações em exposições, Lopes já foi premiado de to­das as maneiras pelas suas artes. O primeiro prêmio foi agraciado com a Medalha de Benedicto Calixto pela Prefeitura de Itanhaém. Em seguida ganhou o lº Prêmio Banco do Brasil, ao participar do VII Salão de Artes do Litoral, em Santos. Ganhou também a Medalha de Ouro na Expoart, em Praia Grande.

Até o governo do Estado reconhece a contribuição dos trabalhos de Ronaldo para a arte paulista concedendo a ele honraria de mérito por sua projeção nacional.

Para os analistas de artes, Lopes é comprovadamente um talento que merece estar entre os mais notáveis artistas plásticos pelo seu empenho em estar sempre em busca do que é puramente estético. “Lopes persegue o aperfeiçoamento que conduz ao belo, ao prazer dos olhos e do espírito. A estética é o seu prazer”, avalia Paulo Si­queira, crítico de artes.

Esta é um dos quadros do artista da imensa coleção espalhada pelo mundo

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